Quão persistente é o vírus SARS-CoV-2 em diferentes superfícies e temperaturas?
Resumo:
- O vírus SARS-CoV-2 é mais persistente em temperaturas mais baixas, enquanto que quando exposto a temperaturas mais altas é o que decai mais rapidamente.
- À temperatura ambiente e em condições perfeitas para sua sobrevivência, o vírus SARS-CoV-2 pode sobreviver por mais de uma semana.
- Lavar ou desinfectar frequentemente as mãos é crucial para interromper a transferência do vírus.
O mundo ainda está a lutar contra a pandemia do COVID-19. Atualmente (22.04.2020), quase 2 500 000 pessoas estão infectadas e há mais de 160 000 mortes associadas à infecção por SARS-CoV-2 [1]. Felizmente, há uma luz no fim do túnel, pois alguns países, como a Dinamarca, Áustria, Noruega, Alemanha e Suíça, deram os primeiros passos para facilitar a quarentena atual [2]. Isto foi possível porque o número de casos começou a diminuir nestes países.
Atenção, ainda não podemos relaxar completamente e temos que seguir as directrizes oficiais para diminuir a propagação do vírus SARS-CoV-2. Este vírus é maioritariamente transmitido de uma pessoa infectada para outra através das gotículas geradas durante um espirro ou tosse [3]. Já foi descrita a persistência do SARS-CoV-2 nestas gotículas em quatro superfícies diferentes [4]:
- Plástico até 72 horas
- Aço inoxidável até 48 horas
- Cartão até 24 horas
- Cobre até 4 horas
Estes resultados foram obtidos por um grupo liderado por Neeltje van Doremalen. Nestes estudos, foi possível criar condições muito próximas das situações do quotidiano. Infelizmente, estes resultados não nos fornecem um espectro completo de informações que podem ser necessários no nosso dia-a-dia.
Um outro grupo de investigação liderado por Alex Chin realizou experiências que cobriram um espectro mais amplo de condições [5]. Primeiro, testaram a sobrevivência do vírus em diferentes temperaturas, mas em condições perfeitas para a sobrevivência do vírus:
- 4 °C mais de 14 dias
- 22 °C mais de 7 dias
- 37 °C menos de 2 dias
- 56 °C menos de 30 minutos
- 70 °C menos de 5 minutos
Estes resultados significam que colocar produtos que tiveram contacto com o vírus SARS-CoV-2 no frigorífico aumentará o seu tempo de sobrevivência. Por outro lado, não precisamos de nos preocupar com a transmissão do vírus através de roupas que foram lavadas a altas temperaturas ou através de alimentos depois de cozinhados ou assados.
O grupo liderado por Alex Chin também testou quanto tempo o vírus sobreviveria em vários tipos de superfícies com as quais podemos eventualmente ter contacto durante as nossas actividades diárias. Esta experiência foi realizada a 22 ° C com uma humidade de 65%:
- Papel menos de 3 horas
- Lenços menos de 3 horas
- Madeira menos de 2 dias
- Tecido menos de 2 dias
- Vidro menos de 4 dias
- Dinheiro, notas menos de 4 dias
- Máscaras cirúrgicas, camada interior menos de 7 dias
- Máscaras cirúrgicas, camada exterior 7 dias
É importante relembrar que estes resultados foram obtidos expondo o vírus as condições mais favoráveis à sua sobrevivência. Portanto, em situações do cotidiano, este tempo será menor. Mesmo assim, é imperativo lavar ou desinfectar as mãos com frequência durante a pandemia do COVID-19 para evitar a propagação da infecção [3]. Além disso, quando ao ar livre, devemos sempre evitar tocar na cara e, mais importante, devemos seguir as directrizes oficiais.
Referências:
- WHO, Coronavirus disease 2019 (COVID-19) Situation Report – 92. 2020, World Health Organization.
- Brandon, S., These European countries are starting to lift their coronavirus lockdowns, in World Economic Forum. 2020.
- WHO, Water, sanitation, hygiene, and waste management for the COVID-19 virus. 2020, World Health Organization.
- van Doremalen, N., et al., Aerosol and Surface Stability of SARS-CoV-2 as Compared with SARS-CoV-1. N Engl J Med, 2020.
- Chin, A.W.H., et al., Stability of SARS-CoV-2 in different environmental conditions. The Lancet Microbe, 2020.